X: Eu existo.
Y: Tu achas que existes.
Z: Se caíres, não passas do chão.
W: Se caíres, estarei aqui para te levantar.
X: Estarás?
Y: Sim.
W: Sim.
X: Talvez.
Y: Talvez.
Z: Se te levantares, também não voarás.
X: Mas existo...
Z: Porque não?
W: Não te deixarei.
Y: Eu sei.
W: Nunca.
Z: Abre os olhos.
X: Não se se quero.
Y: Nunca o deixarás...
Z: Enquanto existir, não.
X: Se não existir, eu não existo.
Z: Se não existires, não existe.
W: Blasfémia!
Y: Blasfémia!
X: Talvez.
Z: O que terá que ser, será.
Y: O que não tiver que ser, talvez será.
W: Eu sou o que tem que ser.
X: Se eu quiser.
Z: Correto.
W: Independentemente. Não te deixarei.
Y: Correto.
X: Não sei o que quero...
W: A mim.
Y: A ela.
Z: A ela?
Y: Ela nunca o deixará. Ela nunca te deixará.
X: Não sei o que quero... O que quero?
Z: Quando sonhas, não inventas. Reproduzes uma série de memórias que o
teu subconsciente acumulou. Essas memórias, por serem tão... inconscientes, são
empilhadas de uma maneira descomunal, sem qualquer sentido. O sonho não é algo
irreal ou algo a que podamos chamar "insano". É o irreal dentro da
realidade e o insano dentro da sanidade. O sonho é apenas estranho.
Y: Mas/E a irrealidade de um sonho está nas possibilidades de o tornar
conscientemente real, de acontecer quando estamos de olhos abertos.
Z: Ou então, sonhamos de olhos abertos e não sonhamos nada de que alguém
comum chame "estranho" pelo que o sonho se torna o nosso estado
"acordado".
X: Estás de olhos abertos?
W: Estou. E tu?
Z: É impossível não estar.
X: Também.
W: Sentes-te a sonhar?
X: Não. E tu?
W: Sinceramente? Sim. Amo-te completamente.
X: Também eu...
Z: Não estou a saber...
Y: Ou não sabes?
Z: Não sei.
Y: Eu sabia.
Z: Sabias?
Y: Eu sei do que sei, mas não sei do que não sei.
Z: Não pareces tu a falar.
X: Quem sou eu?
Y: Não é teu dizeres isso.
X: Porque é que estou aqui?
W: Estás comigo.
Z: Só sabes daquilo que sabes quanto te cruzas com a pergunta que
corresponde a essa resposta, quando te questionam sobre isso.
X: E sabes a resposta.
W: E sabes a resposta?
Y: A quê?
X: À minha pergunta.
Z: Porque porque. Está além de mim.
Y: Porque tem que ser assim.
X: Assim, como?
Y: Não sei. Está além de mim...?
X: E de ti?
Z: Também.
X: E de ti?
W: Não sei. (Im)possivelmente, está além de mim.
Z: Também está além de mim.
X: E se eu for um acordado a dormir?
Z: Se me costumas amar...
Y: Mas agora estás comigo?
W: E eu?
X: Eu... tenho frio. Tenho fome. Tenho carência humana e carência de
forças. Tenho sede porque gastei todas as minhas partículas de água que
restavam no meu corpo a chorar o invisível, o irracional. Falo agora num tom
ínfimo porque prefiro gastar a voz a comentar a minha vida em lamechisses no
vazio do que usar a cabeça no seu todo...
Z: Estou a teu lado.
W: E eu?
X: Não consigo comer porque não tenho fome. Não consigo beber porque não
tenho sede. Não consigo chorar porque não tenho vontade para nenhum nem para
ninguém. Não consigo sequer abrir os olhos e estou com imenso sono! Sinto-me
cansado e ainda agora acordei. Sinto-me perdido nas contradições que a minha
mente faz, quieta.
W: E eu?!
X: Não sei o que quero.
W: E eu...?
X: Acho que acordei.
Z: O que te faz dizer isso?
X: Estamos só nós.
Z: Estamos?
X: Que eu veja, sim.
Z: E o que vês?
X: O que sinto?
Z: O que quiseres.
X: O que quero?
Z: O que sentes.
X: Tudo.
Z: Ou nada?
X: Quero tudo.
Z: E não tens nada.
X: Não.
Z: Não?
X: Sim.
Z: O que é nada para ti?
X: Tudo.
Z: O que é o tudo?
X: Obviamente, nada.
Z: O tudo é tudo aquilo que te falta ou o nada é aquilo que tens?
X: O tudo é tudo aquilo que me falta e nada é aquilo que tenho.
Z: O que tens é o quê?
X: Tudo.
Z: Ou seja?
X: O que me falta é um nada.
Z: O que tens não te basta?
X: Não.
Z: Porque não?
X: Porque não tenho o que quero. Não tenho vontade para nada, já disse!
Não tenho motivos para nada, também! Não tenho aqueles sentimentos de que todos
falam e dizem ser tão... qual é a palavra? Bons. Não tenho nada disso, mas sei
que tenho aqueles que todos já viveram ou que já se aproximaram de viver. Sei
que tenho medo, vergonha, calma e amargura em mim. Sinto aquela raiva! Aquela
teimosia a brotar de mim como se as expirasse e sinto-me a transpirar
nostalgia...
Z: Estou... à nora.
X: O que eu quero dizer é que estou completamente cansado desta
monotonia de emoções. Quero fugir à palidez da melancolia e ao comum estranho
da loucura e quero, duma vez por todas, dizer que sou o sortudo que consegue
encontrar as razões para ter um simples sorriso esboçado na cara. Quero
orgulhar-me de saber quem sou, conhecer todos os meus gostos e todos os meus
desgostos bizarros de uma pessoa comum. Quero poder dizer que sou um acordado
para a vida e dizer que sou uma pessoa minimamente satisfeita com isso, quando,
na verdade, agradeço todos os dias a Deus aquilo que tenho e chego a chorar de
alegria... e quero... sentir pena. Quero sentir pena pelos que passam por mim e
que estão despertos para o mundo mas são seres miseráveis. E sentir remorsos
por não querer ter nada a ver com as entidades sonâmbulas que vivem na ilusão
que eu, supostamente, já vivi. Quero ser assim: inocente, acordado... feliz.
Z: O que é a felicidade para ti?
X: Acabei de o dizer.
Z: Repete-o, então.
X: Não quero! Recuso-me!
Z: Porquê?
X: Não acho que seja plausível repetir algo que ninguém vai ouvir.
Z: Peço-te...
X: A felicidade é triste. É triste no ponto em que estou supostamente
alegre mas sinto-me incrivelmente vazio e infeliz.
Z: Esse é o teu conceito de felicidade?
X: Não... Felicidade não é isto.
Y: O que é a felicidade para ti?
Z: Vai-te embora.
X: Não sei. Não vás.
Z: Eu consigo.
Y: Admite. O que é a felicidade para ti?
Z: Não interrompas, eu consigo.
X: Não sei. A felicidade, para mim, é uma incógnita. Sei o que é, mas,
ao mesmo tempo, não sei, porque nunca tive o prazer de o sentir por entre os
meus dedos. Felicidade é um sonho. Aquilo que existe, mas que não vivemos
apesar de o presentearmos.
Y: Então, como te sentes?
Z: Como te sentes?
X: Sinto-me infeliz. Já o disse: miserável, nostálgico, quase insensível
e dormente devido à dor, à azia que sinto e ao desgosto. Muitos outros
adjetivos deprimentes podem descrever o que sinto mas não estou com cabeça para
estar a enumerá-los como se tivesse prazer na minha dor.
Z: Mas?
Y: E?
X: E, dentro desta infelicidade, contudo, consigo
definir a minha vida como uma linha com um grande nó. Neste momento, estou
parado, sem saber por onde seguir, o que fazer e com desgosto preso na
garganta. Neste exato momento, estou perdido e sozinho. Mas também sei que
podia estar acompanhado, de uma maneira inconsciente e por mim mesmo. E essa é
a minha única ponta de satisfação neste nó da minha vida.
Z: Estás a dizer que sabes disto tudo?
W: E eu?
X: Sim. Sei disto tudo, ainda não me tornei ignorante ao ponto de
ignorar a minha própria consciência e, por vezes, até penso que o faço de
propósito, porque é isto que mais se assemelha à felicidade. Tu és o que mais
se assemelha à felicidade para mim, em mim.
Z: Tu?
W: Eu?
Y: Ela.
X: Ela.
W: Eu.
Z: Ela?
X: Não sabes. Devias saber, mas não sabes.
Desconheces essa parte de mim, não é?
Z: Parece que sim.
X: Sei que te desiludi. Sei que me desiludi. Mas explica-me. O que é a
vida?
Z: Eu considero a vida uma linha. Mas não só uma linha que se pode
dividir… não… uma linha que se divide em linhas paralelas. Essas linhas
paralelas criaram-se devido a escolhas que o individuo que possui essa vida
tomou. Essas escolhas dependeram de decisões que foram feitas a partir de
deliberações ou ações não pensadas que, no fundo, se basearam sempre em
sentimentos e emoções.
X: A vida é só isso?
Z: É.
X: A vida é só um conjunto de escolhas?
Z: A vida é um conjunto de emoções e sentimentos que causaram escolhas.
A tua vida é o que tu sentes e o que influencia tudo o que fazes e, novamente,
forma a linha da vida.
X: Não me agrada.
Z: O que te agrada?
X: Ela.
Z: Continuo sem saber quem ela é.
Y: Eu sei.
Z: Ou seja, não é boa coisa.
Y: Para ele, é.
X: Para mim, é.
Z: Mas para mim, não.
X: O que é bom para ti?
Z: Eu sou o melhor para ti.
X: O que és tu?
Z: Não preciso de o dizer.
Y: Diz.
Z: Diz tu.
Y: O quê?
Z: Quem és tu.
Y: Quem sou eu?
X: Quem és tu?
Z: Eu?
Y: Eu?
X: Quem são vocês?
Z: Tu sabes quem sou.
Y: Tu não sabes quem sou.
X: Continua…
Z: Não preciso de te dizer.
X: Não és tu.
Y: Eu?
X: Quem és tu?
Y: Tu não sabes quem eu sou.
X: Continua.
Y: E é isso que te faz querer ficar comigo.
X: Mas?
Y: Mas também sabes quem sou.
X: Continua.
Y: E isso também te faz querer ficar comigo.
W: Comigo.
Y: Connosco.
Z: Connosco?
W: Connosco.
Y: Comigo.
X: Parem!
Z: Fala comigo. Eu posso ajudar-te.
X: Não me trazes felicidade, nem um bocadinho de prazer.
Z: Não. Eu trago-te o que é abstrato e concreto. Trago-te o que te podes
realmente fiar, sem teres medo de te enganar a ti próprio. Trago-te aquilo que
procuras, quando aceitares que é o melhor para ti. Não te prometo felicidade,
não de prometo prazer nem mesmo algo apenas um pouco satisfatório. Mas
acredita, tudo o que eu te trago é real. Eu trago-te a realidade.
X: Não percebo…
Z: Ouve, eu trago-te a realidade. A realidade é repleta de aspetos
positivos e aspetos negativos. E, ao contrário do que os outros te podem
prometer…
Y: Sim?
Z: Ao contrário do que os outros te podem prometer, a felicidade que
eventualmente vais sentir é real e não te vai fugir das mãos se acordares,
porque, aqui, comigo, já estás acordado.
X: Entendo…
Z: Por isso, diz-me. Diz-nos. Vais sucumbir?
Y: Isso. Diz-nos.
W: Diz-me.
X: Eu…
Z: Estou à espera.
W: Eu posso esperar o tempo que quiseres.
Y: Mas eu não! Diz!
X: Eu…
W: Relaxa, não te vá sair o que não queres.
X: Eu não sei!
Z: Como assim, não sabes?
X: Fazes muitas perguntas!
Z: Faço as que têm que ser feitas.
Y: Isso. Agora, responde!
X: Eu não sei!
Z: Sabes, mas não o queres dizer com medo da reação de um de nós.
W: Tens que admitir que tem razão.
Y: Posso ser imprevisível… não… doido, mas sei disso.
X: Não! Eu não sei.
Z: O que sabes, então?
Y: Nada.
W: O suficiente.
Z: Tudo.
X: Nada de relevante e tudo o que é suficiente.
Z: Não achas que decidir o caminho que vai definir a tua vida toda é
algo relevante?
X: É. E eu não duvido disso.
Y: Sim…
Z: O que estás a querer dizer com isso?
Y: É um bocado óbvio.
Z: Sim…?
Y: És um bocado ignorante.
W: Ele quer dizer que…
Y: Ele quer dizer que…
Z: Que?
W: Que apesar de saber que a sua vida é algo relevante…
Y: Que apesar de saber que a sua vida é algo relevante…
W: É isso que o faz a si próprio.
Y: É isso que o faz a si próprio.
Z: Porquê? É isto?
X: Continua.
W: Porque bem disse com sabedoria que não sabe nada de relevante…
Y: Porque bem disse com sabedoria que não sabe nada de relevante…
W: E é esse o motivo de não saber o que vai fazer quanto à sua vida…
Y: E é esse o motivo de não saber o que vai fazer quanto à sua vida.
W: … as suas escolhas, a sua companhia, o seu futuro.
X: Mas não os sentimentos.
Z: Porque, afinal de contas, não consideras os teus sentimentos algo
relevante…
Y: Agora, diz-lhe. Diz-lhe porquê.
Quero ver a sua reação.
X: Devo?
W: Diz-lhe. É inteligente, irá
perceber.
X: Porque a minha vida não importa…
Z: Não importa?
Y: Diz-lhe!
X: Não, não importa.
W: Tens que ser mais específico, não
pode adivinhar se nem uma expressão tens na cara.
X: Não importa porque tenho o que
tenho. Tenho o que tenho. Sim, tenho o que tenho.
Z: O que é que tu tens?
X: Não sei ao certo porque é
relevante. Só sei que existo.
Z: Se caíres…
Y: Cala-te! Não temos tempo para
isto!
X: E ao existir, existem todos
vocês. A minha realidade.
Z: Certo.
X: A minha irrealidade.
Y: Correto.
X: E o que eu quero.
Y: Como por exemplo?
X: É indefinido.
Y: Vá la…
X: Eu não tenho medo.
Não tenho medo do que me possa acontecer. Não tenho medo do caminho que tenho
que seguir. Não tenho muito menos medo de me perder na imensidão dos meus
pensamentos.
Porque o tempo de uma vida é imenso tempo. Tempo que pode passar-me diante dos
meus olhos sem que eu me aperceba da velocidade a que o tempo passa ou tempo
que dê voltas e mais voltas no espaço-tempo incerto. De qualquer das maneiras,
é o tempo da minha vida.
Z: Não mudes de assunto.
Y: O que é que queres?!
X: Quero ter que esperar sentado
durante o tempo que for preciso, sentado nos degraus da entrada de casa, da
nossa humilde casa, para que ela venha, uma vez que perdi as chaves para poder
entrar.
Quero fingir que perdi as chaves de casa para me obrigar a ficar à sua espera e
ter aquela sensação inconfundível de alívio e entusiasmo por ver a sua silhueta
inconfundível.
Dar passeios longos com ela, de braço dado, enquanto ficamos perdidos no
silêncio triunfante das árvores a dançar com o vento e da água a escorrer no
horizonte.
Correr para debaixo de um café aleatório quando começa a chover torrencialmente
sem qualquer aviso. Reparar que ela não correu comigo, sentir-me desnorteado e
desesperado durante alguns momentos e voltar para trás. Andar com ela à chuva
durante tempo indefinido.
Levá-la ao cinema numa sexta à noite. Levá-la a jantar no seu restaurante
preferido, à parte da comida intragável. Ser forçado a dar-lhe o meu casaco
porque ficou demasiado frio para ela e segurar-lhe nos sapatos enquanto anda
descalça, com os pés doridos. Levá-la ao teatro. Levá-la de volta a casa.
Ficar tardes ou noites em casa com ela, presos no sofá, com canecas de chá
preto ao lado enquanto nos deixamos levar por filmes, por músicas, por poemas
ou por livros.
Ver filmes terríveis. Ouvir músicas intoleráveis. Ler poemas incrivelmente
insanos. Dançar danças ridículas.
Ver filmes épicos. Ouvir músicas utópicas que fazem chorar os trovadores mais
iludidos. Ler poemas que fazem os poetas ferverem de inveja. Dançar com ela, da
maneira que nos ligamos mais intimamente, que nos sentimos um só.
Quero vê-la contar-me a história da sua vida. Deixar que flua com uma conversa
que não pareça ter fim para, em segredo, estudar as suas reações, as suas
expressões, os seus traços.
E reparar no rosto marcado por tanto se rir. Reparar em como está elegantemente
bonita e matura. Como as suas costas arqueiam quando está em pé muito tempo,
como brinca com os anéis nos seus dedos quando está aborrecida. Ver os seus
olhos perder o azul que têm a cada dia que passa para se tornarem num cinzento
cheio de cor.
Dizer-lhe o quando gosto das curvinhas que o seu cabeço faz. Invejar o brilho
no seu olhar quando olha para mim como mais ninguém olha. Derreter-me
completamente com o sorriso que os seus lábios emolduram. Admitir o quanto
bonita é. Desabafar-lhe como as curvas do seu corpo me deixam louco de desejo.
O quão adoro o jeito das suas mãos tocar-me, o quão adoro como o seu cabelo lhe
cai pelas costas, o quão adoro tudo nela.
Abrir os braços e senti-la aninhar-se no meu peito sem que eu precise de
murmurar uma palavra. Apertar-lhe os ombros enquanto pousa o queixo nos meus e
soprar-lhe os cabelos.
Beijá-la de repente. Beijar-lhe as faces e a testa. Prendê-la junto a mim e
sentir o seu cheiro encher-me de vontade. Acariciar o seu queixo enquanto nos
perdemos no olhar.
Deixar que adormeça no meu colo. Apreciá-la quando dorme.
E gozar com ela quando ronca enquanto se ri. Ficar absurdamente impaciente pelo
tempo que demorar a arranjar-se. Vê-la cair no chão a rir quando não se
consegue conter. Ouvir as barbaridades que diz quando nem se dá ao trabalho de
pensar no assunto primeiro. Segurar nela quando tropeça nos sapatos com salto
alto. Vê-la corar pelas suas atitudes. Imitá-la.
Também… Discutir com ela e perder a cabeça. Fazê-la chorar mas sentir-me
prestes a desaparecer e morrer quando chora. Sacudir-lhe os cabelos da cara e
chorar com ela.
Sacudir-lhe os ombros quando ela perde a cabeça e gritar-lhe para voltar para
os meus braços.
Deixar que o silêncio nos envolva.
Amá-la mais nesses momentos do que em todos os outros.
Amá-la em todos os momentos. Em toda minha vida. De uma maneira… incondicional.
Z: Mesmo que ela seja um mero nada?
W: Não vale a pena.
Z: Mesmo que ela não exista em lado
algum além do teu inconsciente?
Y: Ignorante.
Z: Porquê?
Y: Porque já perdeste a conversa há
muito tempo.
X: Que conversa?!
Y: Esta.
Z: Esta.
X: Isto é sobre mim. Isto não é nem
a realidade, nem a irrealidade, nem sequer o que quero. Isto é a reflexão do
que está para além de mim. Sou ignorante ao ponto de me sucumbir. Sim, sucumbi.
Sucumbi à minha consciência e estou perdido no meio de juízos de valor sem
quaisquer factos incluídos. Sucumbi a tudo e não resta nada de mim…
Mas o que me consome mais é que depois disto, há o início, não o fim. Depois
disto, há o princípio. Porque eu existo. Eu existo, sim! Mas vocês não. E isto…
isto não é uma conversa. Isto é o MEU monólogo.