terça-feira, 31 de julho de 2012

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Enquanto as almas vagueiam
Sobre o mar de espíritos,
Brilha o Sol que não existe
Perante o fogo que não resiste.
À força de um desejo
De um corpo e de uma mente
Que não só os vê
Como também os sente.
Ouve o seduzir dos movimentos,
Suaves e lentos.
Escuta o suspiro que não responde,
O querer que não esconde
Perante apenas duas mentes
Livres e independentes,
Que em si são só uma
Mas que nos espelhos têm duas frentes.
Vagueiam no olhar,
Não no marinho ou no celeste
Não no castanho carvalho,
Mas no brilho do orvalho
Que cai deles sobre lágrimas,
Gélidas e sentidas,
Mutilando o ser invisível
Mas continuando as feridas.
Mas as subidas e as descidas,
De vidas mal vividas
Pouco se aguentam
No pique do purgatório.
Não morre nem vive,
Não respira nem suspira!
Danados sejam
Os que omitiram e falsearam
Por quão tantos pecados
Que só eles presentearam!
Expulsos e aniquilados,
Que parem de vaguear
Almas tais não sabem amar,
Não merecem respirar.
E que o seu cadáver caia no chão,
Como morto mal morto
Como o osso está
Para a carne de um outro
O suspiro vai deixando
e as suas mãos se vão separando
Vai e não volta.
Uma corda que se solta.

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