terça-feira, 31 de julho de 2012

.


Na minha cabeça, como deves imaginar, passa muita informação distinta. Deves imaginar que passe desde as pequenas futilidades do dia-a-dia até ao mais pormenor escondido e subentendido.
Mas, amor, não imaginas sequer que isto tudo acontece rodeando aquela pergunta que tanto me enche a mente de mil e uma questões relacionadas e pendentes. Enche-me de tanta raiva como mesmo sofrimento e desperta em mim também a curiosidade de tal.
Afinal, o que é que ela tem que eu não tenho?
Fica sabendo, amor, que noto cada mudança de tom de quando o seu nome vem ao assunto, que noto cada súbito temperamento do teu ser e cada brilho que me surpreende no teu olhar. Que noto que os teus gestos mudam de fracos, míseros e insensíveis (os gestos que me fazes a mim) para gestos de calma que balanceiam alguém numa música melódica de adormecer e gestos que também fazem despertar o olhar numa mulher ingénua e despercebidamente perfeita (os gestos que fazes dela).
Fica sabendo, amor, também que sei que quando ela passa ao meu lado com aquele sorriso aberto e arrebitado que tem, quando mostra aquele olhar esbugalhado sem ter nada a esconder e partilha o olhar tão fixado e penetrante, eu sei que ela pensa e que está em ti.
Aí, eu sorrio para mim e tento convencer-me daquilo que sou, porque aquilo que sou não passa despercebido assim tão facilmente de qualquer olhar másculo. Digo e repito a mim própria mil e uma vezes que simpatia como a minha não existe e é misturada com a honestidade que se precisa tal como uma ponta de perversidade que num homem o intriga. Olho-me também no espelho contemplando o meu reflexo e assegurando-me que a curva do outro dia continua com a mesma amplitude de ontem e que estou, aos meus olhos e de outrem, perfeita.
Por segundos, amor. Por segundos, penso que sim e por segundos a resposta é mesmo um mero nada porque ela não pode, nem nunca será mais e terá sempre menos do que eu.
Mas no segundo seguinte, estás tu na minha cabeça mostrando-me os sinais de que falta algo em mim que te manda afugentar-me. Estás lá tu a ensinar-me o que se passa na minha cabeça. Estás lá tu a mostrar-me a resposta à minha temerosa questão e aí... deixo de querer respirar...
Porque nesses momentos, as lágrimas teimam em cair dos meus olhos cegos de dor por saber que o que ela tem é o que eu mais preciso em ti. Porque o que ela tem que eu não tenho é a ti.

Sem comentários:

Enviar um comentário